quinta-feira, setembro 20, 2007

As Taxas de Juro e "A Era da Turbulência"


As Taxas de Juro

Neste últimos dias, muito se tem debatido sobre quais serão as consequências reais do mais recente abalo no mundo financeiro. O "episódio" teve origem na especulação criada à volta do mercado de crédito imobiliário norte-americano.

Em resposta, assistimos ontem ao anúncio da Reserva Federal Norte-Americana de que a taxa de juro de referência passará a situar-se nos 4,75 pontos percentuais contra os 5,25 pontos anteriores.

Note-se que a alteração da taxa de juro (subida ou descida) pode ser equiparada a um mecanismo de segurança com objectivos vários como controlar a inflação, assegurar a sustentabilidade de um período de expansão económica ou estimular a economia facilitando o recurso ao crédito, por exemplo.

Neste caso, o banco central decidiu baixar a taxa de juro como forma de conter uma eventual escalada do clima de instabilidade criado à volta dos mercados financeiros. Um impulso à economia norte-americana é também um dos objectivos de tal decisão.

Mas a redução drástica para 4,75 pontos percentuais foi uma grande surpresa pois ninguém antecipava um corte de 0,5 pontos percentuais. A esmagadora maioria dos analistas esperava uma redução progressiva da taxa de juro prevendo um corte inicial de apenas 0,25 p.p. Recorreu-se à terapia de choque.


"A Era da Turbulência"


Obviamente, Ben Bernanke e a sua equipa fundamentaram a sua decisão com recurso à teoria económica mas ela não é eficaz só por si. É necessário recorrer à análise comportamental dos agentes e absorver tudo aquilo que a história nos ensinou. Com toda a certeza, os membros da equipa fizeram tudo isso...

O presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, foi nomeado em Janeiro de 2006 para suceder a um dos mais emblemáticos personagens a desempenhar o cargo: Alan Greenspan.

O economista, ex-presidente da Reserva Federal, coordenou a política monetária dos Estados Unidos entre 1987 e 2006. Durante esse período, assistiu a um impressionante registo histórico dos tempos modernos que originou uma transformação cultural, social e política significativa e radical. Estabeleceu-se uma "nova ordem internacional".

O novo livro de Alan Greenspan, "A Era da Turbulência", relata-nos toda essa história de uma perspectiva única e privilegiada a que só um presidente dum banco central da maior economia do Mundo pode aceder e a preocupação com o futuro e os desafios que se lhe impõem.

Assim, fica uma sugestão de compra para quem tem a História e a Economia como área de interesse.

4 comentários:

s. disse...

não sei até que ponto a medida irá atingir a sua finalidade. pelo menos nos mercados europeus, e sou devo ser o único a achar isto, ainda se vão sentir repercursões. penso que foi ontem ou na 4ª que li no diário económico que o BPI ou o BCP iria acabar com os seus fundos de investimentos nas áreas do subprime levando a crer que o que aconteceu no mercado norte-americano poderá vir a afectar os nossos mercados monetários europeus. de qualquer forma é um post interessante este.

teresa disse...

vou registar o conselho desse livro, mas acho que antes disse tenho de entender metade do que o s. escreveu aqui em cima!!

eu até tinha ficado contente por ter entendido quase tudo do teu post! hehehe..

aiai.. como eu gostava de saber mais de economia!! acho q vou procurar qq coisa "economia para dummies"

Bruno Santos disse...

S., não julgo que o objectivo primário da medida do Fed tenha sido arrefecer os mercados europeus. No entanto, a medida afectou directamente o mercado monetário europeu, principalmente o da zona-Euro porque com a medida executada pelo Fed, o Banco Central Europeu foi pressionado ("quase obrigado") a não aumentar a taxa de juro de referência, sob pena de a procura da nossa moeda aumentar ainda mais do que a que se verificou (apreciação do Euro).

Na altura, os analistas e a teoria económica antecipavam uma subida da taxa de juro de referência por parte do BCE. Tal não se verificou porque uma subida da taxa de juro apreciaria ainda mais o Euro face ao Dólar o que seria péssimo para as exportações, ou seja, haveria uma perda maior de competitividade por parte das economias europeias. Penso que esta foi a razão principal.

Assim, a medida veio a afectar de imediato o mercado monetário europeu.

Obrigado pela parte final do comentário :)

Cumprimento

Bruno Santos disse...

Teresa,

lol... e eu "Jornalismo para Dummies" ;)